Bíblia Perguntas e Respostas.

58 - Pe. Roberto Landell de Moura o Inventor do Rádio.

 Prof. Dr. Odalberto Domingos Casonatto

 Uma grande mobilização para o reconhecimento do Pe. gaúcho inventor do Rádio esta tomando corpo.

Já temos notícias de uma campanha que está sendo realizada entre comunicadores de todo o país para recompor um acontecimento histórico: o verdadeiro inventor do rádio foi o padre brasileiro, Roberto Landell de Moura. Parece que “pecou ter nascido em uma época errada”, quando existiam controvérsias entre Ciência e Religião.

 Quando me atraiu a figura do Pe. Inventor Roberto Landell de Moura.

 Sempre tive uma atração e curiosidade muito grande com referência às descobertas da ciência para a humanidade. Durante meu curso de Teologia na PUC/RS, muitos debates e fóruns foram feitos com respeito das controvérsias entre Ciência e Religião. O estudo da Teologia deixava de ser uma faculdade isolada em Viamão e que preparava os futuros sacerdotes, e passou a fazer parte do núcleo das faculdades humanas da PUC/RS. O estudo da Teologia e Religião estava num ambiente agora com a matriz voltada para a Ciência. Outras faculdades da área técnica, como as engenharias, a medicina, etc., faziam parte da vida acadêmica da PUC. Os alunos conviviam em um ambiente que se tinha oportunidade de expor os conhecimentos e debater idéias.

Na conclusão do curso de Teologia, dever-se-ia fazer, um trabalho escrito em uma área do conhecimento Teológico. Sempre procurei ler, estudar a área que envolvia a Ciência e a Religião. Foi nesta época que passei a estudar a figura do Pe. inventor Roberto Landell de Moura. E foi a figura do Pe. Inventor que me inspirou a fazer o trabalho de conclusão do curso de Teologia. Assim escolhido o prof. Frei Pe. Carlos Albino Zagonel, Professor de Historia da Igreja como orientador, passei a ler todas as biografias do Pe. Landell de Moura, publicadas. Consultei os Jornais e publicações da época e aos poucos a monografia sobre o Pe. Inventor tomou corpo. No final do trabalho o tema conflitante Ciência e Religião foi desenvolvido. Para mim foi ótimo e este tema preparou-me para o entendimento mais profundo do caminho que a religião pode seguir com o auxilio da ciência.

Neste momento que antecede ao sesquicentenário do nascimento do Pe. Roberto Landell de Moura pensei que seria o momento de poder retomar o tema e tornar conhecidas as pesquisas que desenvolvi em torno da figura do Padre inventor.

 A Trajetória do Pe. Inventor.

 No Rio Grande do Sul de forte influência do positivismo Frances em seus lideres políticos, a figura do Pe. Inventor passou a margem dos grandes acontecimentos da época, foi ignorado, pois jamais um padre poderia ser inventor ou mesmo desenvolver pesquisas na área da ciência. No entanto, foi um grande cien­tista e inventor de protótipos do rádio, aparelhos de telefone e telégrafo sem fio. Ele deu todos os passos para desenvolver suas capacidades de inventor. Foi durante seus estudos na Universidade Gregoriana, em Roma, que ele teve seus conhecimentos de transmissão de voz desenvolvidos. Em Roma graduou-se em Física e Química. Retornando ao Brasil continuou seu trabalho e alcançou grandes feitos. As invenções do Pe. Landell de Moura, embora obscurecida pelo pensamento das lideranças da época, não se perderam no tempo. Hoje em sinal de reconhecimento destas invenções do padre Roberto Landell de Moura, criou corpo o Movimento Landell de Moura (MLM). Embora a mídia internacional registre erroneamente que o pai do rádio foi o italiano Guglielmo Marconi, na realidade, o Pe. Roberto Landell de Moura fez seus experimentos de transmissão da voz humana muito antes de Marconi, do croata naturalizado norte americano Nikola Tesla e do canadense Reginald Aubrey Fes­senden comumente citados em outros países.

0 primeiro a dar a notícia dos experimentos revolucionários em radiotelefonia de Lan­dell, foi o jornal 0 Estado de S. Paulo, que apesar de anunciar a data da transmissão, 16 de Julho de 1899, não cobriu o evento.

Alguns meses depois Pe. Landell fez outra demonstração pública de seu invento, foi re­alizada na Avenida Paulista e no Morro de Santana.

Este grande invento não foi de pouca significação. Pe. Landell sabia da importância de tal feito e imediatamente patenteou a sua invenção, em março de 1901. A demonstração do invento alcançou notoriedade nacional e foi publicada pela impressa da capital federal o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro. Mas mesmo assim devido a fatores alheios ao Pe. Inventor e a silenciosa contraposição entre Ciência e Religião o Presidente da Republica Dr. Rodrigues Alves na época preferiu silenciar o fato e negou a solicitação de dois navios feita pelo Pe. Landell para testar seus experimentos no Rio de Janeiro.

 A Busca das Patentes das Invenções nos Estados Unidos

 Uma fez que não encontrava apoio em sua terra Natal para levar adiante o seu invento agora patenteado, o Pe. Inventor foi mais longe, resolveu ir para os Estados Unidos da América em 1904 para patentear suas invenções. Pe. Landell, com o pouco dinheiro, recebido de seu trabalho de vigário, enfrentou assim mesmo este desafio. Levou uma vida espartana e de economia precária. Os registros de seus gastos em seus cadernos de anotações de despesas confirmam este seu trajeto.

Ali morou três anos e conseguiu patentear, em 1904, três aparelhos, o wave transmitter (transmissor de ondas), wireless telephone (telefone sem fio) e wireless telegra­ph (telégrafo sem fio). Além disso, o cientista projetou a TV, o teletipo e o controle remoto por rádio e anteviu que as ondas curtas poderiam aumentar a distância das transmissões. Todos esses feitos foram realizados antes de outros cientistas. Mesmo com sua invenção para o mundo das comunicações, o cientista não foi entendido. "As pessoas não compreenderam o que ele fez, não se interessaram em patrocinar, além do fato de ele ser um padre cientista, o que não era comum", conta o jornalista e escritor Hamilton Almeida, estudioso da vida do Pe. Landell

Os aborrecimentos do Pe. Inventor.

 As varias invenções, agora com reconhecimento mundial e patenteadas, no entanto lhe causaram aborrecimen­tos no Brasil. Muitos o tacharam de maluco que tinha feito um pacto com o demônio, ou que falava com o demônio. Os seus paroquianos da Igreja do Rosário chegaram invadir seu laboratório e destruir os aparelhos de pesquisa, porque era uma coisa sem fio, achavam que ele conversava com o diabo, os jornais da época noticiam este contra senso.

As portas do sesquicentenário de sua morte, para recuperar a imagem do Pe. inventor do Rádio, esta surgindo um grande movimento de reconhecimento de seu trabalho e de sua pesquisa com a telefonia. Esta nascendo o Movimento Landell de Moura.

Será realizado em todo o país, para que as autoridades brasilei­ras reconheçam o cientista como inventor do rádio. 0 objetivo é atingir um milhão de assinaturas até o dia 21 de Janeiro de 2011, quando se completam 150 anos do nascimento do criador do rádio e de outras invenções da telecomunicação.

O Pe. Landell, em seu ministério trabalhou em várias atividades, entre elas, Professor no Seminário Episcopal de Porto Alegre e São Paulo, vigário em Uruguaiana, Santos, Campinas e São Paulo, Botucatu, Mogi das Cruzes, Menino Deus e Igreja do Rosário em Porto Alegre, onde aproveitava para realizar experimentos e estudos de física e matemática. Faleceu em 1 de julho de 1928, e foi sepultado na Capela da Gruta de Nossa Senhor de Lourdes, no Bairro Glória.

Violação do túmulo do Pe. inventor Roberto Landell de Moura.

No dia 7 de janeiro de 2000, no noticiário Geral do Jornal Zero Hora, de Porto Alegre constava a noticia da violação do túmulo do Pe. inventor Roberto Landell de Moura. “Sepultura de gaúcho ilustre, precursor das telecomunicações, sofreu tentativa de arrombamento na capital”. Ainda a noticia destacava os restos mortais de um dos gaúchos mais ilustres do século 20 não foram roubados. Devido a violação de seu ossuário na Capela da referida gruta em 6 de janeiro de 2000, seus restos mortais foram transferidos para o Cemitério São Miguel e Almas de Porto Alegre.